O impacto da COVID-19 sobre o cérebro de pacientes hospitalizados
Um estudo que acaba de ser publicado no periódico oficial da Academia Americana de Neurologia aponta que 13.5% dos pacientes que foram hospitalizados em quatro grandes hospitais de Nova Iorque nos EUA desenvolveram doenças neurológicas previamente inexistentes. Foram incluÃdos na pesquisa quase 4500 pacientes adultos internados entre março e maio de 2020 por sÃndrome respiratória aguda severa por COVID-19.
Todos os diagnósticos neurológicos foram feitos por um neurologista e foram excluÃdos os pacientes que já apresentavam algum transtorno neurológico e também aqueles que tiveram apenas sintomas neurológicos isolados, como dor de cabeça. Entre os pacientes que apresentaram um novo diagnóstico neurológico durante a internação, 51% apresentaram um estado confusional (também chamado de encefalopatia tóxico-metabólica), 14% tiveram um derrame cerebral, 12% evoluÃram com crises convulsivas e 11% demonstraram lesão cerebral pela baixa oxigenação do sangue. Tais diagnósticos foram mais frequentes nos mais idosos, nos homens e nos diabéticos. Quadros infecciosos como meningoencefalites ou mielites não foram diagnosticados.
Em 54% dos pacientes os sintomas neurológicos já apareceram nos primeiros dois dias dos sintomas respiratórios (febre e tosse) ou gastrintestinais (vômito e diarreia) e em 43% os sintomas neurológicos já eram aparentes desde o inÃcio desses outros sintomas. Para 2% dos pacientes, sintomas neurológicos tiveram inÃcio antes dos demais sintomas.
Os 13.5% dos pacientes que tiveram quadros neurológicos inéditos tiveram um pior prognóstico, com chances 28% menores de terem alta hospitalar e 38% maior de irem a óbito. É importante salientar que dos 18 pacientes que tiveram análise do lÃquor[RT1] (lÃquido da espinha), todos tiveram testes PCR para COVID-19 negativos nesse lÃquido, sugerindo que as complicações neurológicas não foram resultado do ataque direto do sistema nervoso central pelo vÃrus, mas possivelmente secundários à gravidade clÃnica por si mesma, já que inúmeras doenças que necessitam de cuidados crÃticos podem também evoluir com as complicações neurológicas encontradas. Podemos citar a própria sÃndrome respiratória aguda severa, mas por outras causas que não a COVID-19, insuficiência renal aguda e septicemia.
Confira o áudio da coluna Cuca Legal, uma parceria do ICB com a Rádio CBN BrasÃlia: