O estudante tem melhor desempenho se a escola oferece apoio emocional

Não adianta exigir bom desempenho acadêmico se o equilíbrio emocional não está bem. A escola pode ter atitudes proativas para uma melhor saúde mental de seus alunos.


Tenho atendido no consultório, quase que semanalmente, estudantes do ensino médio de uma escola aqui de Brasília que prega o desempenho acima de tudo. Os pais dizem que no terceiro ano é esperado que se o aluno não tiver notas adequadas para contribuir ao final do ano para os índices de sucesso da escola na aprovação no ensino superior, este aluno é convidado a deixar a escola no meio do ano letivo. A escola ainda difunde bordões como “aqui você não tem colegas, você tem concorrentes”.

Muitos desses adolescentes não aguentam a barra e têm um desequilíbrio de uma das coisas que temos de mais precioso: a saúde mental. E sem esse equilíbrio o desempenho acadêmico fica bem afetado. Para refletir um pouco sobre esse assunto, veja o resultado de uma pesquisa recém-publicada pelo prestigiado periódico Proceedings of te National Academy of Sciences que mostrou o sucesso de uma intervenção de apoio psicológico de uma escola sobre o desempenho de seus estudantes.

Na transição do quinto para o sexto ano, estudantes americanos foram submetidos a uma dinâmica para facilitar a adaptação na passagem do quinto para sexto ano. Já no início do ano letivo, eles participavam de exercícios na sala de aula que trabalhavam a ideia de que qualquer tipo de angústia que eles poderiam estar passando era algo que acontecia com quase todos eles. Deixava claro que eles teriam todo suporte da escola do ponto de vista psicológico e social, e que era um momento em que eles fariam novos amigos e se adaptariam em pouco tempo com as demandas acadêmicas.

O resultado dessas intervenções, que foram apenas dois encontros na sala de aula, rendeu, comparado a um grupo que não as recebeu, 34% de redução de problemas disciplinares, aumento de 12% na frequência escolar e redução de reprovação de 18%. Os alunos passaram a confiar mais nos professores, solicitando mais ajuda para suas inquietações, e a ter menos preocupação com as provas. Passaram também a sentir que faziam mais parte da escola.

Essa intervenção teve um ótimo custo-benefício e pode ser replicada em qualquer escola, especialmente nos momentos de transição que são os mais críticos do ponto de vista psicológico.

Confira o áudio da coluna Cuca Legal, uma parceria do ICB com a Rádio CBN Brasília:

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