Seu cérebro pode dizer quem são os seus amigos.
Os voluntários do estudo eram alunos do primeiro ano de graduação de uma universidade dos EUA e que assistiram no laboratório a vÃdeo clipes de cenas do dia a dia como ciência, comédia, polÃtica e música. A resposta cerebral a esses estÃmulos, analisada pela Ressonância Magnética Funcional, mostrou que os padrões eram mais parecidos entre amigos, seguidos por amigos de amigos, e assim por diante. O tipo de resposta na neuroimagem era capaz de dizer se dois voluntários eram amigos ou não.Â
Vivemos em rede desde os mais remotos tempos e o sucesso da espécie humana depende de sua capacidade em fazer relações sociais, capacidade que é vista como uma vantagem evolutiva. IndivÃduos no centro de uma rede social têm mais acesso à informação, e no caso dos nossos ancestrais, essa informação poderia ser, por exemplo, o local de uma nova fonte de alimento. Entender melhor como funciona as redes sociais permite-nos entender também como elas podem influenciar importantes problemas de saúde pública, área recente do conhecimento chamada de epidemiologia social. Nos últimos anos, riquÃssimos estudos nessa área vêm sendo publicados por pesquisadores da Universidade da Califórnia (Fowler GH) e de Harvard (Christakis NA) junto a outros colaboradores nos mais renomados periódicos cientÃficos do mundo.
Como os amigos têm influência em nossas vidasÂ
1- A rede social de um indivÃduo tem impacto no seu risco de tornar-se obeso em até três graus da rede (ex: amigo do amigo do amigo). Essa associação é muito mais forte pela proximidade social do que pela geográfica, como é o caso de vizinhos.  A chance de uma pessoa se tornar obesa é 57% maior se um amigo se tornou obeso num dado perÃodo. Entre irmãos, a chance é 40% maior, e no caso do cônjuge, a chance aumenta em 37%.
Os mesmos pesquisadores publicaram um estudo revelando que, numa epidemia infecto-contagiosa, indivÃduos mais ao centro da rede social são acometidos mais precocemente. Esse achado pode facilitar o controle de epidemias ao se focar os esforços precocemente em indivÃduos mais vulneráveis.
Este é um novo modo de pensar a saúde. Qualquer intervenção positiva nos hábitos de vida de um indivÃduo pode se alastrar para a sua rede social. Há também o outro lado da moeda: comportamentos negativos também se difundem pela rede. É de se esperar que a internet amplifique cada vez mais esse poder, tanto para o lado positivo quanto negativo, mas o balanço geral certamente será um reflexo da eficiência das polÃticas públicas para a promoção de saúde da população.
Confira o áudio da coluna Cuca Legal, uma parceria do ICB com a Rádio CBN BrasÃlia: