Afinal, dinheiro traz, ou não, felicidade?

Você costuma comprar seu tempo? Saiba então que as pessoas são mais felizes quando gastam dinheiro para que outras pessoas façam serviços por elas, serviços que não fazem questão de executá-los. 


Você trocaria seu atual trabalho por outro com maiores rendimentos, mas que lhe exigisse ficar menos tempo com a família? Se você pensou três vezes antes de responder, não se sinta culpado. Uma enquete nos EUA apontou que dois terços das pessoas certamente ou muito provavelmente topariam essa troca.

Mais dinheiro para quê?

Na década de 1960, um estudo realizado em diferentes países capitalistas e socialistas, perguntou o que as pessoas ainda precisavam na vida para serem realmente felizes. As respostas foram surpreendentemente parecidas, independente das diferenças culturais e econômicas entre os países analisados. A resposta mais comum foi a de melhoria do padrão de vida material, seguido por uma vida familiar feliz e em terceiro lugar o estado de saúde pessoal e dos familiares.
Será que essas pessoas serão mais felizes ao subir um degrau na sua capacidade de consumo?  Ganhadores da loteria voltam ao mesmo estado de felicidade que tinham antes do prêmio após um ano. Dinheiro e felicidade andam juntos até certo ponto, fenômeno conhecido como paradoxo de Easterlin, economista americano que estudou essa questão em inúmeros países. Depois de garantidas as necessidades básicas, mais dinheiro no bolso não atrai mais felicidade para a cabeça. Outros autores têm contestado essa tese mostrando que não existe um ponto de saturação a partir do qual mais dinheiro não traz mais felicidade. Entretanto, esses estudos não avaliam o mesmo indivíduo em diferentes fases de sua vida financeira.
Padrões de consumo em nível subconsciente e até mesmo comparações conscientes com a “grama do vizinho” fazem com que as pessoas vivam a ilusão de que o dinheiro trará mais felicidade. Imagine um cenário em que as pessoas ao seu redor comecem a ganhar mais dinheiro e você continue no ritmo de sempre. Mesmo que o seu ganho seja superior às suas necessidades, essa desvantagem pode incomodar.

Dinheiro pode intoxicar?

Estudos têm apontado que os mais afortunados podem ficar menos sensíveis aos pequenos prazeres, a coisas mais simples.  O simples fato de se deparar com a imagem de um bolo de notas de dinheiro é capaz de reduzir o tempo que uma pessoa aprecia um pedaço de chocolate na boca antes de engolir.  Os voluntários dessa pesquisa ainda relataram menos prazer com o chocolate do que aqueles que visualizaram imagens neutras.

Gastar direito pode ajudar

Tem uma propaganda de automóvel que diz assim: “Quem fala que dinheiro não traz felicidade ainda não aprendeu a gastá-lo direito”.  Já é bem reconhecido que gastar o dinheiro com EXPERIÊNCIAS é melhor do que com coisas. Experiências que reforcem as relações de amizade, que promovam o crescimento pessoal, que contribuam para a comunidade onde se vive, pequenos prazerem como uma massagem, flores para a pessoa querida, tudo isso pode dar mais barato do que uma nova mega-TV ou um turbo-super-carro.

E neste mês tivemos a publicação de um estudo muito interessante no prestigiado periódico PNAS mostrando que as pessoas que gastam dinheiro para ter mais tempo (e.g., serviços de casa) são mais felizes do que aquelas que gastam mais com coisas. O impressionante é que metade dos milionários estudados gasta tempo com atividades que não apreciam e que poderiam ser feitas por outros com remuneração. Outro achado importante da pesquisa foi que o estado de bem estar e felicidade esteve associado com essa opção de “comprar seu próprio tempo” em todo o espectro socioeconômico estudado, mesmo entre os que tinham as contas mais apertadas.

** vale sempre lembrar outro lado da moeda: felicidade pode trazer dinheiro. Pessoas mais felizes têm mais chance de ter sucesso profissional e financeiro.

 

Confira o áudio da coluna Cuca Legal, uma parceria do ICB com a Rádio CBN Brasília:

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